Hoje deixo-vos ficar com uma pequena entrevista a Carlos Costa, Fisioterapeuta que trabalhou com vários atletas no Tour, neste momento acompanha Kevin Anderson.
Para alem de algumas questões que coloquei ao Carlos abordei também a prevenção de lesões, é um tema ao qual dou especial atenção devido a vários problemas que tive e vou tendo com lesões derivadas da prática de desporto.
Boas Carlos, antes de mais agradeço desde já o tempo disponibilizado e aproveito para dar os parabéns pelo excelente resultado com o teu atleta no US Open.
Desde já começo com o Kevin uma vez que esta num bom momento de forma, como têm sido o teu trabalho com ele nestes últimos meses?
Obrigado Daniel, o trabalho que tenho desenvolvido com o Kevin tem sido bastante interessante, pois é um atleta que gosta de estar envolvido, aberto a novas perspectivas e que gosta de ouvir os nossos conselhos para poder melhorar. O meu trabalho com ele tem sido bastante intenso pois desde que começamos já apresentava um quadro de lesões significativo e que aos poucos fui trabalhando para quebrar o ciclo, desde o joelho, ao ombro e a uma possível cirurgia no final do ano passado, foi um trabalho moroso mas que está a ter os seus resultados este ano, pelas boas performances obtidas no tour.
E como foi este US Open para ti?
O US Open foi talvez um dos momentos mais marcantes desde que estou no tour, pelas suas dimensões, já que é o maior do circuito, o estádio Billie Jean tem a capacidade de 23.771 lugares, facto que só soube em conversa durante o torneio, por termos jogado contra um nome tão sonante como o do Nadal, vencedor de 16 grand slams e por ser no dia do meu aniversário, tornou-o realmente um dia especial para mim.
Já tens tido bastante experiência a lidar com atletas de ténis, qual têm sido ao longo dos anos as lesões mais frequentes?
As lesões podem variar muito e depender da superfície que se joga mas entre as tendinites no cotovelo, ruturas musculares no ombro, síndromes de compressão na anca, tendinitis/desgastes degenerativos nos joelhos e dores na região lombar com o avançar da carreira, estas talvez sejam as mais recorrentes.
Passaste por alguma situação caricata no Tour que queiras partilhar?
As situações caricatas já foram muitas, vou manter os nomes no anonimato mas entre esquecerem-se do overgrip para uma final, esquecerem-se das meias para treinar com o djokovic e porem pretape para substituir, a superstições antes dos jogos, como usar o mesmo tipo de roupa, acho que como os atletas estão sempre muito concentrados nos treinos/jogos e sob constante pressão é normal que no seu tempo livre não queiram pensar em certas responsabilidades, eu próprio e os treinadores as vezes também nos tornamos supersticiosos em certo ponto.
Quais os erros mais frequentes que os atletas fazem na hora de prevenir o aparecimento de lesões e que por vezes podem ser graves?
Os maiores factores de lesão é o overtraining, lesões anteriores que não foram completamente recuperadas e o deixar andar uma lesão até se tornar de certo modo mais difícil a sua recuperação, tendo de parar para que seja reversível ao ponto de voltar a competir, por isso uma monitorização do tempo dos treinos, a atenção a lesões anteriores para confirmar se não existe nenhum padrão que se está a repetir e o respeito pela recuperação é crucial para que o atleta previna as lesões e se apresente nas melhores condições para a competição.
Para finalizar e uma vez que o objectivo é tentarmos também ajudar os nossos atletas/leitores na prevenção de lesões ficamos agora com alguns exercícios e conselhos do Carlos.
Esta parte é algo subjectiva mas os meus conselhos serão:
. Estejam atentos aos sinais que o corpo transmite, se por exemplo lhes é desconfortável a fazer determinado gesto técnico como o levantar do braço acima da cabeça, podemos deixar uns dias de descanso e de tratamento para que volte a tornar-se confortável.
. Quantos atletas pararam de fazer determinado desporto porque sentiam dor para ver se desaparecia? Pararam durante um periodo de 2 ou 3 semanas e quando voltaram à pratica desportiva a dor reapareceu? O descanso total não é aconselhado para quem pratica desporto, o nosso organismo tem a capacidade de auto-cura, mas o sistema-esquelético necessita de alguma forma de estímulo para ajudar a que a cura ocorra, seja através de exercício, nutrição ou terapia.
. Todos os desportos exercitam certos músculos de uma forma mais específica e repetitiva, sendo por isso necessário devolver-lhes a elasticidade e retirar a tensão dado o esforço a que estão sujeitos assim como reforçar os músculos contrários, chamados antagonistas, para que se possam equilibrar de uma forma harmoniosa.
. “Power House”, este é um ponto importante pois é o centro do corpo, passo a citar os músculos envolvidos: reto abdominal, oblíquo interno, oblíquo externo, transverso abdominal, eretores da espinha, quadrado lombar, multifídios, glúteos, psoas-íliaco, soalho pélvico e diafragma. Muitas pessoas já ouviram a palavra “core” e associam imediatamente aos músculos abdominais mas realmente consiste em todos os músculos referidos anteriormente e quando estão bem activos durante a actividade física promovem uma melhor estabilização, mobilização e geração primordial de força para todo o corpo o que se traduz num menor stress para as extremidades. Mas para que estejam bem activados devem ser trabalhados em desequilíbrio, de forma estática e dinâmica. . E para terminar deixo dois alongamentos importantes para os praticantes de ténis, pois são os movimentos que ficam mais limitados ao longo do tempo/carreira.
Mais uma vez fica o nosso agradecimento especial ao Carlos pelo seu tempo, aproveita para visitar o Website dele aqui.
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